terça-feira, 20 de setembro de 2011

Breve encontro com o tempo

 Num encontro fortuito com o tempo
(antes que tanto queria dizer)
naquele momento não saiu nada.
Receei que se tornasse inimigo,
ainda mais do que já o sinto.

Ele, coitado, até é bom rapaz,
Culpa minha, não ser capaz
de com ele ter convivência.
Atraiçoaria a minha consciência,
tenho culpa desta quesilência.

Ele é apenas abstracto,
eu um ser concreto
sapiente de racionalidade
mas também de finitude.
Cabe-me marcar um encontro…
Ele é eternidade!

Em diálogo monossilábico,
agarraria a sua ideia.
Seria audaz, pedindo:
dá-me o tempo de que preciso
para deixar em registo
o que esta alma incendeia…

Apenas isto, não aquilo
de que, por vezes, desisto…

2 comentários:

  1. Que grande sorriso me proporcionou este rapaz que inventaste!:))
    Olha lá, meu anjo, por que raios o pobre tempo tem que usar ceroulas e não saiote?:))

    O teu sentido de humor, na poesia, deslumbra-me!
    (bem sabes que é mais fácil versar a paixão ou o desalento, sem o belíssimo recurso a ironia!)
    Toma um xi grande!

    ResponderEliminar
  2. Também me proporcionaste um sorriso largo com essa das ceroulas! Então o tempo não é do género masculino, gramaticalmente?!
    Aprecio o fino sentido de humor que caracteriza algumas pessoas argutas. De vez em quando versejo partindo da ironia ou introduzindo-a a meio, sempre naturalmente, terminando com o estado emocional que deveras sinto. No site da minha editora, onde posto essencialmente poesia, já me têm comentado sobre esse aspecto, relevando-o como elemento preponderante no poema :). Depois, releio-o e gosto mais dele...
    Obg por apreciares esse aspecto...Gosto que te deleites.
    (Ah, estou aberta a convites para escolas...)
    Abreijos, Nina :) :)

    ResponderEliminar