Almas afastadas,
por nuvens caladas,
de brumas carregadas
e palavras abafadas.
Travam entre si
guerras surdas
num qualquer teatro,
batido por cenas
dramáticas…
Actores de almas pálidas
e mãos emagrecidas…
Tocam ao de leve
o céu nublado.
Encerram na mão
cada alma guerreante.
Suavemente
aquecem-nas…
Separadamente
em ninho feito de penas.
Apaziguadas,
fazendo uma dança tribal
soltam-nas,
afectuosamente…
Sopros de vento
escorrem de
bocas transparentes.
Elevam-nas,
saem de mãos dadas,
transpõem as
portas cerradas.
O público,
atónito,
olhos esbugalhados
da dança esquelética,
aplaude
a cena patética…
As almas, essas,
rumam
sem rumo certo!
Almas afastadas,
unidas, em palavras
e vontades confessadas!