quinta-feira, 27 de junho de 2013

E amo estes dias ansiados



Faz sentido poetar este verão.
Os dias pardacentos
esgueiram-se no sótão
da memória dos sentidos…

O calor toma o corpo sedento
dos azuis do mar
- que sonho
dos azuis do céu
- que percorro…

Olhar esguio, lânguido, sedutor
que embebe o suor
escorrendo de frutos maduros
que minha boca saboreia…

Em ti fantasio a sereia.
Beijo-te como poema
de palavras sonolentas.
Cerram-me as pálpebras,
entrego-me ao prazer
de teus raios doirados
e amo estes dias ansiados…
OF, 26-06-13
Foto – Autor desconhecido

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Surreal XXVI - Esta lua...

Correção: Em vez de Lua Nova, Lua Cheia...

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Ad-Oro-te Sol


(Falando de legados…)

O que me leva a sentar-me nesta mesa, ainda que o ângulo de visão seja menor e menos atrativas as coisas que preenchem o seu espaço?
Talvez o exato espaço em que o sol me acaricia as pernas e vela a cabeça protegendo-a do velho ditado “o sol está quente, faz mal à cabeça”. O sol é mestre em medicina, um deus maior, idolatrado ancestralmente.
Por que razão nos bancos da escola não era feito o devido enquadramento da adoração de elementos da natureza? Lembro-me vagamente de apenas ter conhecimento de modos de vida de povos ditos primitivos. E o seu porquê? Desconhecimento? Orientações programáticas? Entendimento de que como vivíamos no século XX não havia necessidade de ir à raiz cultural desses povos? Quão sábias foram as civilizações primórdias! E como o Homem foi progressivamente ignorante, preferindo maravilhar-se com as suas capacidades de descobertas científicas e apuramento tecnológico? Mas foram os sábios de há séculos que nos legaram a matriz do “Homo Sapiens”. Não sou professora de História (nem tão pouco pretendo escrever algo científico). Não obstante sempre me lembro de sentir uma admiração inata por estes povos.
Nas minhas aulas, a principal preocupação é despertar a curiosidade nos alunos; seja qual for a matéria em causa. Aponto algumas ferramentas. Sei que muitos irão buscá-las ao sótão da memória escolar, um dia. E sei que, nesses momentos, estarei na sua memória. É o meu legado!
Odete Ferreira, 02-06-2013

 Adenda: o ano letivo está praticamente terminado. Na semana de 11 a 14 de junho, continuarei com os alunos de 6.º ano, voluntariamente, para sistematizar conteúdos (programa novo e longo), esclarecer dúvidas, em suma, para que cada aluno vá mais confiante para a prova final, vulgo exame. Apesar da imprevisibilidade dos próximos tempos, estou certa que tudo o que trabalhamos em conjunto, foi sempre no sentido de consciencializar para a necessidade de domar a vontade, de privilegiar o ser, de aumentar a resistência à adversidade. Sem estas ferramentas, jamais serão cidadãos com a consciência dos seus direitos e deveres…
Odete Ferreira, 10-06-2013

(Daqui a umas horas os alunos estarão a realizar a prova final de Português. Desejo que recordem as preciosas estratégias que podem fazer a diferença entre níveis. Não conhecem a classificação interna... Há lutas que também podem fazer a diferença…) 

Odete Ferreira, 20-06-2013

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Hoje podia escrever tanta coisa...



Hoje podia escrever tanta coisa, contar como estive de modo especial com alunos, partilhar convosco como comuniquei verbalmente com colegas em contexto profissional, dizer como me cansam tarefas meramente administrativas... Mas sei que quem ler, traçará no seu pensar as coordenadas que aqui deixo... Assim, resta-me trazer-vos algo de novo no meu sentir. Depois de andar tão descrente de um mundo novo, em termos da relevância do que deve ser o essencial na humanidade, regressou (talvez ainda de forma ténue) a crença de que o Homem vai lutar pela sua dignidade, passando pela força que tem o sonho em cada um de nós... Foi neste "legado" que as teclas que me externalizam se focou...


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Sentir poesia



Pés aquecidos no calor do sol,
passivos como placas solares,
sustentáculos de pernas firmes
ritmadas na dança do ventre,
alinhados no caminhar da cabeça erguida,
orando preces ao finito terreno.

Só pode haver calmaria
nas vidas pulsantes que te procuram, mar
e nas almas esquálidas que te habitam, céu!
Em azuis de maresia
em espaço de profecia,
só pode haver uma escrita
simples, escorreita
em dias que me sinto poesia
camuflada de amarelo na areia fina.

OF       21-04-2013